Da AFP
As tropas georgianas se retiraram de quase todo o território da república separatista da Ossétia do Sul, informou neste domingo à AFP o secretário do Conselho Nacional de Segurança da Geórgia, Alexander Lomaya.
"Saímos de praticamente toda Ossétia do Sul, como mostra de nossa boa vontade para deter o enfrentamento militar", disse Lomaya.
O secretário anunciou ainda que a Geórgia pediu aos Estados Unidos que atuem como mediadores com a Rússia na crise pela região separatista da Ossétia do Sul.
"Pedimos à secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, que medie com os russos e transmita uma mensagem nossa", destacou.
Ocidente - Os enfrentamentos armados na Ossétia do Sul despertaram temores de um confronto Leste-Oeste no perigoso barril de pólvora que é a região do Cáucaso, mas a Rússia e os ocidentais não parecem interessados numa guerra na Geórgia, segundo a opinião dos analistas políticos.
O conflito preocupa os Estados Unidos e a Europa - especialmente por causa da posição estratégica da Geórgia no transporte do petróleo do Mar Cáspio - e vários observadores acreditam que Tbilisi cometeu um erro ao provocar seu poderoso vizinho.
"Os Estados Unidos ficarão furiosos se os aviões russos bombardearem uma base onde o Pentágono tem conselheiros militares", comentou Edward Lucas, autor de "A nova Guerra Fria".
"Mas George W. Bush, um presidente em fim de mandato, não vai querer arriscar uma Terceira Guerra Mundial por causa da Geórgia", afirmou Lucas ao jornal The Times.
Estes violentos confrontos em um país pró-ocidental, candidato à adesão à Otan e à União Européia, são uma ameaça direta aos interesses ocidentais.
Tbilisi, por sua vez, se mostra muito interessada na internacionalização do conflito.
Michael Denison, professor associado do centro de pesquisa em relação internacionais, a Chatham House, também acha que ainda é muito cedo para se falar de uma guerra aberta.
"Os russos invadiram o território georgiano e isso é algo real, mas não creio que o objetivo deles seja destruir completamente as capacidades militares da Geórgia. é uma demonstração russa para enfraquecer a capacidade dos georgianos", afirmou Denison.
"A escalada militar é possível, mas não estou certa que seja inevitável, porque ninguém está realmente interessado.
A Rússia não está interessada numa escalada da violência porque, além do Cáucaso do Sul, há também um Cáucaso do Norte, com risco de expansão da crise", destaca Laure Delcour, diretora de pesquisas no Iris (Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas) de Paris.
"Nem a União Européia nem os Estados Unidos querem enviar forças militares à região", insistiu Michael Denison.
No entanto, segundo Christopher Langton, analista do IISS (Instituto Estratégico para as Pesquisas Internacionais), este conflito é tanto "um caso entre a Geórgia e a Ossétia do Sul, quanto entre Estados Unidos e Rússia".
"A Rússia se opõe violentamente ao fato de que a Geórgia se converta em membro da Otan e os Estados Unidos chegaram a enfrentar a Rússia em relação a este tema", destaca.
"E se a Geórgia cair (sob influência russa), as esperanças européias de uma independência energética da Rússia desaparecerão", acrescenta Edward Lucas, enfatizando que a Geórgia, por onde passa o oleoduto BTC (Baku-Tbilisi-Ceyhan), é a única via para levar o petróleo do Mar Cáspio, evitando o monopólio das rotas de exportação russas.
Laure Delcour insiste que o risco de uma explosão da violência no Cáucaso, onde outros conflitos continuam latentes, como na Abkházia, outra região separatista da Geórgia, ou em Nagorno Karabakh, região disputada entre Armênia e o Azerbaijão.
domingo, 10 de agosto de 2008
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