sábado, 9 de agosto de 2008

Rússia ataca cidade da Geórgia fora da Ossétia do Sul

BBC

Jatos russos atacaram neste sábado alvos militares na cidade de Gori, na Geórgia, que fica perto da região da Ossétia do Sul.

A Ossétia do Sul, uma região que tenta se separar da Geórgia, foi invadida por tropas russas na sexta-feira, depois que a Geórgia atacou separatistas apoiados pela Rússia na região.

Gori fica perto da capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, e é onde as tropas da Geórgia estão se juntando para defender a região separatista das tropas russas.

Algumas testemunhas dizem que dezenas de civis morreram ou foram feridos nos ataques. Dois aviões russos foram abatidos.

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse que o país está agora em estado de guerra. O Exército da Geórgia anunciou que vai retirar as duas mil tropas georgianas que estão no Iraque para que elas possam combater no país.

Conflitos entre tropas da Geórgia e da Rússia na sexta-feira teriam matado mais de 1,4 mil civis, segundo separatistas.

Pânico em Gori

O correspondente da BBC em Gori, Richard Galpin, diz que várias explosões são ouvidas pela cidade.

Segundo ele, é possível identificar que os alvos russos são três bases militares ocupadas por milhares de soldados da Geórgia.

O correspondente da BBC disse que em um dos alvos os militares georgianos parecem ter conseguido fugir antes de as bombas atingirem o local.

Um outro ataque atingiu um prédio que, segundo os georgianos, seria um bloco residencial. Galpin disse ter visto civis gravemente feridos sendo retirados dos prédios, que estavam pegando fogo.

O correspondente diz que a população de Gori está em pânico e que muitos buscam abrigo contra ataques. Mesmo os militares georgianos estão buscando proteção contra os ataques aéreos dos jatos russos.

A Geórgia afirma que outra cidade do país fora da região separatista também teria sido atacada pelos russos. Segundo o ministério de relações exteriores, a cidade portuária de Poti - um importante posto para navios petroleiros no Mar Negro - foi devastada.

Russos na capital

A Rússia afirmou neste sábado que assumiu controle da capital sul-ossetiana Tskhinvali. O comandante do Exército russo, Vladimir Boldyrev, disse que suas tropas retomaram a capital das forças da Geórgia.

No entanto, o secretário do Conselho de Segurança Nacional da Geórgia, Khakha Lomaia, desmentiu a informação e disse que a capital da região separatista continua "sob total controle das nossas tropas".

Segundo a imprensa russa, a capital foi palco de confrontos entre os dois lados. No entanto, a violência teria sido menor do que a registrada ao longo da sexta-feira.

Há relatos de que a capital da região separatista está completamente devastada e que seus habitantes estão escondidos nos porões de casa, sem eletricidade ou linhas de telefone.

A Cruz Vermelha afirma que os hospitais da cidade estão lotados.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse à BBC que seu país não está procurando guerra contra a Geórgia, mas disse que o país precisava responder à "agressão georgiana".

O Kremlin mandou mais tropas à região. A Rússia disse que precisa defender seus cidadãos na região separatista da Geórgia - sejam eles militares que trabalham nas tropas de paz na Ossétia do Sul, sejam eles os sul-ossetianos que têm passaporte russo.

Lavrov acusou a Geórgia de tomar medidas violentas que violam as leis internacionais.

O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse que seu país está tentando "forçar a Geórgia a aceitar paz".

Geórgia em estado de guerra

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, anunciou que seu país está em estado de guerra contra a Rússia, depois do ataque à cidade de Gori.

Saakashvili disse que todas as forças da Geórgia seriam mobilizadas e que recursos vitais serão poupados para o conflito.

Ele afirmou que vai pedir ao Parlamento do país que aprove lei marcial, porque seu país "está sob estado de total agressão militar da Marinha, da Aeronáutica e de grandes operações em terra da Rússia".

O correspondente da BBC em Moscou James Rodgers disse que as iniciativas diplomáticas para impedir o conflito não deram resultado até agora.

Diplomacia

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu chegar a um acordo sobre uma declaração pedindo cessar-fogo.

A Grã-Bretanha, os Estados Unidos e a França afirmam que a agressão russa seria o principal fator do conflito, enquanto Moscou culpa a Geórgia.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pediu que a Rússia retire suas tropas e respeite a integridade territorial da Geórgia. Os Estados Unidos e a União Européia devem mandar uma delegação à região para negociar um cessar-fogo.

O órgão de segurança da União Européia alertou que o conflito na região pode se transformar em uma guerra.

O governo do Brasil emitiu uma nota na qual manifesta "preocupação" com a escalada de violência na Ossétia do Sul, lamenta a perda de vidas no conflito e pede que as partes busquem o diálogo e um cessar-fogo imediato.

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