Sergei Chirikov/Agência EFE
Mulher carrega pertences, após sua casa ser destruída em ataque
Denis Dyomkin, da Agência Reuters
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A Rússia reconheceu na terça-feira como Estados independentes duas regiões separatistas da Geórgia, em uma decisão que fez aumentar a tensão na região do Cáucaso e que colocou o governo russo em rota de colisão com o Ocidente.
O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, afirmou que o desejo do governo georgiano de reconquistar a Abkházia e a Ossétia do Sul por meio do uso da força havia acabado com todas as esperanças de uma coexistência pacífica.
"Saakashvili (presidente georgiano, Mikheil Saakashvili) optou pelo genocídio para resolver suas questões políticas", afirmou Medvedev em um pronunciamento transmitido desde sua residência de verão, na região praiana de Sochi.
"Os moradores da Ossétia do Sul e da Abkházia já se manifestaram mais de uma vez em referendos apoiando a independência de suas Repúblicas. Segundo concluímos depois do que ocorreu, eles têm o direito de decidirem sozinhos a respeito de seu destino."
A manobra de Medvedev surge no momento em que tanques e soldados russos ainda ocupam parte da Geórgia após a guerra travada em torno da Ossétia do Sul no começo deste mês -- a primeira vez em que a Rússia enviou tropas para um outro país desde o fim da União Soviética, em 1991.
Os EUA, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e potências européias criticaram prontamente a decisão do governo russo.
A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, descreveu-a como "lamentável". Já a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, considerou-a "totalmente inaceitável". A Grã-Bretanha "rejeitou categoricamente" a decisão ao passo que a França manifestou desalento.
O ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt, disse que o governo russo havia "escolhido uma política de confrontação, não apenas com o restante da Europa, mas também com a comunidade internacional como um todo".
No entanto, as potências ocidentais não possuem muitos instrumentos para punir a Rússia.
A Organização das Nações Unidas (ONU) não conseguiria adotar sanções contra o país porque este, na qualidade de membro permanente do Conselho de Segurança, possui poder de veto dentro do órgão.
Além disso, as potências ocidentais temem realizar qualquer manobra que faça a Rússia cancelar seu apoio aos esforços para conter o programa nuclear do Irã ou sua anuência à movimentação de forças da Otan no Afeganistão.
Uma eventual retaliação poderia envolver alguma grande entidade internacional: expulsar a Rússia do Grupo dos Oito (G8, que reúne grandes países industrializadas) ou vetar o acesso dela à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em uma entrevista concedida ao canal de TV Russia Today, controlado pelo governo russo, Medvedev disse não ter medo de uma nova Guerra Fria.
"Nada nos assusta, mesmo a possibilidade de instalar-se uma nova Guerra Fria. Mas nós não queremos isso", afirmou o presidente. "Nesta situação, tudo dependerá da postura adotada por nossos parceiros."
O governo russo mandou que o Ministério das Relações Exteriores do país sele laços diplomáticos com as duas regiões georgianas e que o Ministério da Defesa garanta a paz naquelas áreas.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
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